data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fiz publicar neste jornal, no dia 27 de junho de 2019, um artiguinho de minha lavra intitulado Mitomaníacos. O escrevi inspirado na quantidade impressionante de mentiras notórias e escancaradas contadas por aqueles que hoje estão no poder, inventadas, aliás, justamente para que pudessem chegar ao poder.
A constelação de mentiras nunca foi pequena. Eles, os mentirosos, já falaram que não existe racismo no Brasil, que o nazismo é de esquerda, que o aquecimento global é balela, que Olavo de Carvalho é filósofo, que o Papa é comunista, que Angela Merkel é comunista, que a Globo é comunista, que os professores são comunistas e que todo mundo que não se agarra no saco do Jair também é comunista.
Depois de assumir o poder, esperava-se um sopro de comedimento. Não veio. O festival de mentiras não parou: Nas universidades há plantações ostensivas de maconha; o óleo derramado nas praias veio da Venezuela; as queimadas foram provocadas por ONGs e a França esquerdista quer internacionalizar a Amazônia foram algumas das mentiras espalhadas ao vento.
Na economia, mesma coisa: dólar alto é bom para o país; empregadas domésticas faziam uma festa danada na Disney e a clássica "as reformas farão o país crescer" são mentiras despudoradamente jogadas ao léu facilmente desmentíveis.
Mas uma curiosidade: Antes, as mentiras não vinham diretamente de Jair, pelo menos não de maneira tão incisiva. Normalmente vinham de alguém de seu entorno, de algum ministro, de algum deputado governista, de seus filhinhos mimados, ou do seu exército de robôs digitais. Dificilmente a mentira saía do próprio Jair.
De uns tempos para cá, no entanto, é o próprio Jair quem se dedica à prática da mentira cabeluda. Para jogar a população contra o Congresso, Jair mentiu ao dizer que o Congresso usa das emendas impositivas como instrumento de chantagem. Ora, ele próprio foi favorável às emendas impositivas quando aprovadas em 2015. Deu entrevista para defende-las.
Jair mentiu ao afirmar que a jornalista Patrícia Campos oferecia sexo em troca de informações. Mentiu ao dizer que não havia exortado o povo a manifestar-se contra o Congresso, mesmo tendo publicado duas mensagens na internet chamando às ruas. Depois mentiu ao pedir que as pessoas não saíssem de casa e, mesmo assim, comparecer pessoalmente às ruas de Brasília.
Por fim, Jair mentiu ao dizer, sem base nenhuma, que o coronavirus é invenção da mídia. Depois, mentiu ao associar, também sem subsídio nenhum, a pandemia a um plano malévolo do governo chinês para acabar com o capitalismo. Ele é um mitomaníaco. Ele sabe que mente, e o Brasil inteiro também sabe que ele mente. É um mentiroso consciente e contumaz. Importar-se ou não com isso é questão de índole. Alguns não se importam por gostar das mentiras que ele conta. Como disse, é questão de índole.
Queria com esse texto provocar uma reflexão, mas sei que no máximo terei provocações do tipo "E o PT, hein? E o Lula?". Enfim, não se pode ter tudo na vida.